quarta-feira, 1 de maio de 2013

Acreditar


Era um sábado a tarde, em plena primavera. Seus amigos não apareceram, então ele deixou o videogame de lado e foi andar de bicicleta no parque.
Mais tarde, cansado, sentou na grama e ficou olhando pra copa das árvores, agora floridas.
Nunca foi de pensar muito na vida. Era um dia depois do outro, aquela rotina mais ou menos programada, os mesmos lugares, os mesmos amigos, tudo igual sempre.
Ele deitou, e ficou pensando naquele vazio que vinha sentindo. Parecia que estava faltando alguma coisa, que ele estava sempre a espera de algo, como se tivesse algo marcado pra determinado dia e esse dia nunca chegava.
Levantou a cabeça, tirando umas folhas do cabelo, e então viu. Há uns dez metros, num banco branco, estava ela. Seus cabelos dourados logo abaixo dos ombros emolduravam um rosto branco e fino. Ela vestia um vestido de alças azul marinho, e estava com um livro apoiado no colo e um girassol pousado ao seu lado.
Compenetrada na leitura, ela parecia ter saído dos seus sonhos. Calmamente, ela colocou uma mecha atrás da orelha logo depois de virar uma página. O que será que ela lia?
Ele não sabia por que, mas havia algo dizendo para ele se aproximar. Queria saber o seu nome, onde morava, seu passado, queria saber o que se passava no seu coração.
Desejava saber das coisas que ela gostava, se ouvia músicas antes de dormir ou se já havia lido os mesmos livros que ele... havia algo na atmosfera que o avisava que ela era especial, era diferente de todas as outras.
Então, entre um pensamento e outro, lentamente ela ergueu a cabeça e ele pode ver aqueles enormes olhos verdes olharem para ele, e quando finalmente aquela boca se abriu, formando um sorriso, algo embaixo dele o incomodou e ele se descobriu abrindo os olhos, com a cabeça ainda repousada no chão. Rapidamente, ele se levantou e olhou para o banco, mas nada nem ninguém estava lá.
Por mais louco que parecesse, ele sabia que não era apenas um sonho. Ele sabia que ela existia, e que ela estava em algum lugar, esperando por ele. Quando ele se levantou e pegou sua bicicleta encostada na árvore, descobriu ao lado dela um girassol, despropositadamente ali, largado ao chão, mas que para ele, servia de sinal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário